do visível e do invisível

ando lendo muito o meu horóscopo, o que não é lá um bom sinal.
rainha de ouros diz preu exercer a autoridade enquanto fico pensando nas vias da democracia desse país que vivo - habitat que me habita.
acender uma vela para nossa senhora do carmo. outra pra nossa senhora do desterro.
desterrar as coisas não sei bem se é enterrar as avessas, cavucar ou escarafunchar as profundezas dessa geologia de ser sendo. e ir indo.

pina bausch morreu outro dia e foi digna de três segundos numa reportagem de jornal. e mais michael jeca na cabeça. quis jogar o controle remoto na tv mas infelizmente a explosão seria localizada demais, poucas reverberações pelo tamanho do estrago.
no meu quintal dorme um cão viralata simpático (embora nada bonito) que dei o nome, há alguns anos atrás, de pina clark. pode parecer uma ironia quiçá uma zoação mas foi sincero a homenagem híbrida: pina bausch+lygia clark. algo entre as artes visuais e a dança, duas referências importantes pra mim se cruzando num espaço inusitado desse corpo-cão. (ou cunningham como costumo dizer aproveitando a sonoridade do termo em mais um pouco de "história da dança".)
enfim, o fato é que pina bausch, que nunca tive o prazer de ver-sentir em presença, se foi. e pina clark continua aqui a me olhar com cara de quem quer carinho e comida. dimensões diferentes de afeto, com todo o estranhamento da comparação.


sigo com as imagens dela e da força de seu trabalho a me afetar com mais proximidade que tantas coisas que pairam imunes ao meu lado.