viajar me faz perder a noção do tempo. eu não saberia dizer se foram horas dias meses. sei que estive lá e trago as marcas evidenciadas na pele ainda queimada.
num clima potiguar o primeiro estranhamento é a roupa que recobre o corpo, tão pouca nas cidades à beira mar: tem pele de sobra pros olhos. é sol e sal direcionando a vestimenta, os comportamentos, as relações.
dizem q dá pra fritar um ovo no asfalto.
depois caminhando na rua, assim à toa, escutar a musicalidade tosca de um 'encosta o cú na parede/ enconsta o cú na parede'. corporalidade estranha q experimentei mentalmente inúmeras vezes. quem sabe investigação para uma próxima performance?
aí então deparar-se com um brasil escrito com z, as línguas se cruzando num espaço tão pequeno e com nenhum desejo de entendimento. n há interlínguas ali. dá pra encher a boca e dizer: tem gringo pra dar com pau, consumindo praia e meninas em euro e dolar. as relações capitalizadas, sorrisos simpáticos q olham pro seu bolso e n há nada de graça: até pra mijar se paga.
ao escutar o grito abafado das moças no travesseiro, os corpos que valem mais quanto mais novos forem, talvez sonhando em um dia ir conhecer o exterior ou tirando algum prazer em um gemido poliglota. então respirar de novo uma brisa fresca de vida ao ver os meninos fazendo manobras de bike na praça ou as crianças tocando lata na porta da igreja singela - ali onde imaginei a performance trajeto com beterrabas ressoando na realidade úmida de maresia.
há vida em natal. nos rostos de olhos repuxados q me chamam para uma ancestralidade, na pele de cor achocolatada de perto dos trópicos.
há vida, mas ela se esconde nas margens como e quando pode.
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