21 de setembro de 2010

do silêncio da concha

ana reis e cássia nunes

Por meio de experiências que ativam o espaço e suas potências sensoriais, uma performance instaura-se durante três dias na praça Tubal Vilela em Uberlândia, no espelho d’água localizado em frente ao posto policial, onde antes existia uma concha acústica (até o ano de 1992).
Através do cuidado com o lugar, ao lavar e encher o espelho d'água, e da ativação da sensibilidade no contato com água e conchas, a ação questiona os usos e transformações do espaço público trazendo à tona novas propostas de ocupação.
Depositando no espelho a água coletada em cachoeiras da cidade com algumas garrafas pet, efetuamos uma ação simbólica que conecta o elemento de fluxo entre o natural e o urbanizado, remetendo ainda a um ritual de purificação.
Ouvimos conchas do mar e convidamos os passantes a ouví-las e entrar no espelho d'água. A analogia da concha acústica com a concha do mar e a tentativa de ouvir, no silêncio da concha, o som de um outro espaço ou de um outro tempo, cria um estímulo para a transcendência e a reinvenção do lugar cotidiano que se encontra impregnado pelo signo da vigilância.
Ao dialogar com o elemento arquitetônico e remontar à memória do espaço, a performance convida o transeunte a refletir sobre seu próprio corpo no espaço urbano e como este pode ser transformado pela sua ocupação e interferência.


ação realizada nos dias 01, 02 e 03 de setembro de 2010




















fotografias de thiago carvalho




A performance integrou o projeto Arte Móvel Urbana, realizado pela Secretaria Municipal de Cultura de Uberlândia-MG. Os registros desse e dos outros quatro trabalhos selecionados para o projeto encontram-se em exposição na Casa da Cultura, até o dia 16 de outubro.



vídeo em exposição: guarany lavor e ricardo alvarenga

Um comentário:

wagner schwartz disse...

as gêmeas lynchinianas limpando o espelho d'água!!!